terça-feira, 30 de novembro de 2010

Liliane Mendes em: MÃOS


Éramos duas mãos dadas em meio à multidão,
Unidas pelo destino, mantidas pelo carinho, separadas por traição
E foi assim, que no meio do caminho, no meu olhar se enxergava o adeus
E naquele momento nada importava, teus abraços, tuas palavras
Nem o apelo dos olhos teus
Então segui caminhando sozinha, sem olhar pra trás e sem medo de me arrepender
Mas só até o dia que finalmente o perdão conseguiu me convencer
Que pior que ser sozinha, pior que a mágoa que eu sentia
Era arriscar e te perder
Voltei correndo àquele lugar na esperança de ainda te encontrar, mas não encontrei.
Resolvi ficar te esperando, tanto tempo que nem sei.
Até que uma mão me viu sozinha e se ofereceu pra me acompanhar,
Já cansada e sem esperanças resolvi recomeçar.
Eu até estava feliz, e pensei ter te esquecido, mas isso toda hora eu lembrava,
Tanto que me distraí e quase não percebi quando ao meu lado ninguém mais estava.
Mesmo assim só pensava no quanto queria a tua mão comigo de novo,
Quem tava comigo? Sei lá! Não demorava até aparecer outro...
Foram várias mãos que quiseram me acompanhar pelo caminho,
Mãos quentes, mãos frias, mãos feias, mãos bonitas,
Mãos grandes, mãos pequenas, mãos agitadas, mãos serenas
Mãos fortes, mãos fracas, mãos com tudo, mãos com nada
Mãos que queriam me levar pro inferno, outras que queriam me levar pra Lua
Foram mãos de todo tipo, mas nenhuma era a tua...
E até hoje não teve um só dia que eu não tenha pensado em você,
Esse é meu maior segredo e também minha maior ilusão
A minha mão já não anda sozinha, ando tentando enganar a solidão
Mas às vezes fujo pra aquele lugar, e fico lá tentando entender
Tentando achar palavras que não foram ditas
Alguma chance perdida ou até uma maneira de esquecer
Procuro migalhas de sentimento, músicas, filmes, pensamentos
Que me tragam alguma lembrança tua
Ainda guardo o retrato 3x4, o desenho do teu quarto
E a certeza que de alguma forma serei sempre sua
Mas tuas mãos, cadê? Estive à procura por toda cidade
E assim mais uma vez te escrevo, pra dizer nessa poesia boba
Que você fez falta e que estou morrendo de saudade.

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